FILOSOFIA DA CAIXA PRETA

 No livro “A filosofia da caixa preta”, o autor Vilém Flusser chega à conclusão que boa parte da população funciona em função das máquinas e que o fotógrafo pode manipular a imagem que será fotografada, ou seja, ele escolhe uma parte de um todo e tal parte será mostrada da forma como ele quiser. Ademais, Flusser também fala da descartabilidade das imagens produzidas.

A partir destas ideias, é possível perceber um paralelo com a relação entre a sociedade e as redes sociais da atualidade, uma vez que os posts são recortes de momentos vividos e escolhidos minuciosamente pelo usuário, que, na maioria das vezes, aparenta ter uma vida “perfeita”. A partir deste post, é criada uma falsa realidade ao entorno da fotografia compartilhada. Além disso, com a vontade dos usuários de mostrar para seus seguidores que estão “curtindo a vida”, cria-se o hábito e cultura de postar instantaneamente o que estão fazendo naquele momento e, com isso, a crença de que só se vive o que se posta. Ou seja, os usuários começam a acreditar no que se vê e se sentem quase que na obrigação de estarem cada vez mais atualizando seu feed com fotos, que serão sempre substituídas por uma nova à medida que o tempo passa. Vivem, então em função daquela ferramenta, como sugeriu o autor.

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